Era uma vez a vida aos seis anos...
Eram seis horas e trinta minutos, quando me levantei, aliás, cedo de mais no dia de hoje, venho repetindo esta prática há uns três dias, com o objetivo de apanhar o jornal, de repente, um trio familiar cruzava a minha rua ao lado de onde moro. Eram menininhos de mais ou menos cinco ou seis anos e quem sabe, sejam gêmeos, caminhavam de mãos dadas com a mãe que aparentava não ter mais que trinta e dois anos de idade. A mãe caminhava elegante a passos miúdos e apressados com um dos ombros com sacola carregada, que pelo volume devia ter mudas de roupas, e outros objetos dos meninos, e como quem ia deixá-los em algum lugar para cuidá-los; e pela aparência não haviam dormido o suficiente que reparasse o sono, pois choramingavam incessantemente o tempo todo, mas não, um choro compulsivo que denunciasse algum maus-tratos. A mãe caminhava o tempo todo quieta; como quem estava atrasada para o trabalho, mas continuava o caminhar miudinho e quieta. Em dado momento da caminhada do trio parada dura, percebi que a mãe ao baixar os olhos, observando o choramingado dos filhos. Olhou-os, continuou a caminhar quieta e olhando reto no horizonte, caminhando freneticamente, e os garotinhos continuavam no rito com chorinho, quase manha, e trotando para acompanhar a frenesi ao lado da mãe. A mãe expressava no rosto um semblante carregado de preocupação, com angustia de choro contido; talvez pensando que como mulher poderia ter tido melhor sorte na vida no auge dos seus trinta e poucos anos; tão jovem; carregando seu sofrimento e mais dois infantes a seu lado; a mercê de tudo e todos sem poder se defender das maldades que o mundo impõe a nós todos.
Ao questionar-me diante do que passei a acompanhar por alguns minutos, enquanto o lia meu jornal, sobre vários fatos; como sempre fiz a vida toda; dessa vez não foi diferente. A principio fiquei muito emocionado; fui a lagrimas, chorei um pouco, pois em certas ocasiões o meu choro é interno, por dentro; choro enclausurado. Em certas ocasiões quando durmo, sonho com algumas melhorias para nossa comunidade; principalmente no local que trabalham pessoas amigas (os) por quem tenho enorme respeito e carinho, por seu caráter e trabalho que realizam nessa comunidade há muito tempo e também os mais novos; como dizem a rapaziada: - “GRANDE PESSOA”. Acordo um pouco assustado desejando que alguma parte do sonho torne-se realidade; ai me emociona silenciosamente e, vejo no semblante em algumas pessoas, que as analisando simploriamente sem levar em conta aspectos emocionais que dependem da sensibilidade de cada um. Mas ainda bem que não sou analista; ufa! E por estar lendo e escrevendo; veio a lembrança da minha avó materna contando-nos as suas origens; de onde veio; e como veio crescendo na vida até aquele seus sessenta um anos na vida na época, e exatamente a idade que tenho hoje, no ano de dois mil e onze, que Vónegra estaria completando 115 anos! E naquela época eu estava com sete anos; iria completá-los, bem como o inicio dessa história contada por mim; que tinha a idade daqueles “sarazinhos”, que são conduzidos de mãos dadas com a mãe.
Hoje, onze de novembro de dois mil e onze, no mesmo horário; além dos dois que já havia mencionado antes nessa história, hoje, acompanhava a mãe mais um “sararazinho”; com outros comportamentos: - a mãe caminhava livre e conversando mais descontraída, mais alegre com os dois meninos pequenos a frente da trupe, e um deles segurou a mão da mãe, beijou-a de forma efetuosa. E atrás o filho mais velho, por volta de dez anos, caminhava próximo, mas sozinho, logo atrás da mãe e irmãos menores, este estava com cara de sono, emburrado, beiçudo necessitando de mais sono reparador e com cara de poucos amigos. Percebi um clima familiar mais amistoso entre o agora quarteto e não mais o trio parada dura. Não tive mais contato com a trupe, além das duas oportunidades únicas da vida. É importante o exemplo de situações como essa, relatada aos leitores dessas poucas linhas a ser apreciadas no rigor da história. É necessário comprometer os responsáveis pelo crescimento e desenvolvimento das crianças e adolescente para se tornarem cidadãos de fato, livres de se tornaram drogatitos e de todos os males que irão prejudicar a constituição cidadania para gerações atuais e futuras para o bem da sociedade. Em resumo, todos os dias tem situações semelhantes que de uma certa forma, comprometem o desenvolvimento das crianças nas comunidades brasileiras.
Entretanto, surge questionamento: - será que de posse destas observações, não seria interessante que a Rede de serviço da criança e do adolescente podeia coletar, mapear estas situações no sentido de identificar, incentivar, priorizar e apoiar estas mães para que possamos premiar estas crianças a serem protegidas desde cedo, sejam comprometidos como futuros cidadãos, será que conforme consta no art. 4 da Lei 8069/90- Eca? É o encaminhamento que faço a Rede de Serviços.
Em síntese é o que gostaria que fosse apreciado com maior sensibilidade pertinente aos cidadãos que lutam por igualdade,
aquele abraço a todos! Autor: José Carlos dos Santos Beleza – 11/nov/11
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