Certamente
cada um de nós tem suas particularidades de lembranças de seus entes-queridos,
iremos fazer uma lista enorme de pessoas que passaram em nossas vidas e
deixaram saudades e respeito a sua história na comunidade. E não referenciamos
pessoas que já se foram deste para outro mundo como parte da nossa história e
identidade cultural.
Não
falamos e não nos lembramos do seu Santo Nicolau, vendedor de bala no antigo
fim de linha no centro, na travessa Sepúlveda, ônibus Restinga – L-65, que
passava pela rodoviária de Porto Alegre, era um grande sujeito, afrodecendente
de muito valor, que morava numa casinha de sobras de madeira rua Rondônia, na
Restinga. Um cidadão consciente das suas responsabilidades políticas na época e
ficou muito desanimado, desgostoso com o rumo da política vinha se desenhando.
Por sinal sua humilde moradia é a inspiração dos meus desenhos de casinha de
madeira dos primeiros moradores da Restinga.
Outra ilustre Moradora da
Restinga, Dona Tecla Mezzomo de Oliveira que chegou aos 94 anos de vida
intensa, deixou filhos, netos, bisnetos, admiradores e saudades por seu
trabalho na Comunidade da Restinga, na paróquia da Misericórdia, bem como maços
e maços de papéis de abaixo assinado para o hospital da Restinga; as primeiras
comissões de saúde da restinga; da farmácia comunitária com suas ervas naturais
que passou a existir na comunidade, dos movimentos Eclesiais de Base que deu
origem a muitos quadros políticos da comunidade; da comissão de educação que
deu origem a muitas escolas e que ajudou a descobrir crianças e adolescentes
fora da escola, nos meados dos anos oitenta.
O
Bar do seu Daniel – com seu bar no antigo fim da linha L-65 na Restinga, hoje
Igreja Batista, tomávamos café com lingüiça assada, enquanto aguardávamos o
ônibus para irmos ao centro da cidade, onde levávamos um tempo enorme de viagem
até centro da cidade...
Também
o Delmar Barbosa que ajudou muito samba bom no carnaval e programas de rádio...
Tia
Eva da Casa da Sopa que distribuía sopa uma vez por semana com ajuda da
comunidade...
E
tantos outros que passaram no anonimato, mas que de maneira geral contribuíram
com a comunidade.
Em
certa ocasião, queríamos homenagear a luta dessas pessoas na comunidade,
confeccionando uma escultura em frente ao Car-Restinga, fizemos, aprovamos o
projeto junto a PMPA e iniciamos a obra, mas não terminamos porque faltou
material e fomos barrados por meia dúzia de ignorantes que não sabiam do se
tratava o nosso evento cultural.
Portanto,
inúmeros indivíduos e companheiros de lutas, uns mais, outros um pouco; são
esquecidos com o passar do tempo, lembrá-los, tem haver com a nossa identidade,
com a nossa história, com nossos costumes, isto é, nossa cultura popular. É
muito importante para que os acontecimentos da comunidade, as gerações atuais e
futuras tomem conhecimento e valorizem estas pequenas ações de cidadania muito
esquecida na atualidade, e em razão das vicissitudes tecnológicas modernas e dos
“papagaios de pirata” que em nada contribuem com a construção de uma sociedade
mais justa e fraterna... Destacá-los é um exercício de cidadania, democracia,
humildade e valorização dos indivíduos que sobressaíram por seus méritos
pessoais e suas lutas coletivas.
Enfim, o individualismo será sempre será superado
pelos atos de valorização coletiva na busca da cidadania, que vão contribuir
favoravelmente com a superação da violência domestica e outros males que tanto
nos atrapalham na nossa política comunitária, isto é, indistintamente a favor
do bem de todos os viventes dessa terra...
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