EDUCAÇÃO NA MINHA OPNIÃO, RESUMIDAMENTE!
A educação deve ser algo natural que está dentro do desenvolvimento
do seu saber, e solidariamente na sua convivência do dia-a-dia da vida. Diante
disso, sua mente, sua consciência mostrada em seus valores, tendo o desejo de absorver
os saberes naturais do cotidiano. E você ao incorporar esses saberes, jamais
poderão tirá-los de você, pois significa parte da sua conscientização, ficando
registrado em sua memória para sempre, algo construído em você de forma
transparente que reflita a construção do bem comum. A educação natural brota
dentro de todos os indivíduos e que ao demonstrá-la conscientemente na troca
verdadeira de valores com outros indivíduos seus iguais na sociedade. Dessa
maneira, comprovadamente temos o intento de eternizar os saberes ao longo da
vida que uma vez adquiridos, jamais poderão apagá-los de você, significando
parte de um aprendizado, valorizando sua inteligência para sempre. Jose Carlos Beleza, Nov.11
NZUMBI
Em 1654, com a expulsão dos
holandeses do Nordeste, os lusitanos lançaram expedições para repovoar os
engenhos com os cativos fugidos ou nascidos nos quilombos da capitania. Para
defenderem-se, as aldeias quilombolas confederaram-se sob a chefia política do
Ngola e militar do Nzumbi. A dificuldade dos portugueses de pronunciar o
encontro consonantal abastardou os étimos angolanos nzumbi em zumbi, nganga
nzumba, em ganga zumba. A confederação teria uns seis mil habitantes, população
significativa para a época.
Em novembro de 1578, em Recife,
Nganga Nzumba rompeu a unidade quilombola e aceitou a anistia oferecida pela
Coroa portuguesa apenas aos nascidos nos quilombos, em troca do abandono dos
Palmares e da vil entrega dos cativos ali refugiados ou que se refugiassem nas
suas novas aldeias.
'Acordo'
Acreditando nos escravizadores, Ganga
Zumba deu as costas aos irmãos de opressão e aceitou as miseráveis facilidades
para alguns poucos. Abandonou as alturas dos Palmares pelos baixios de Cucuá, a
32 quilômetros de Serinhaém. Foi seduzido por lugar ao sol no mundo dos
opressores, pelas migalhas das mesas dos algozes.
Então Nzumbi assumiu o comando
político-militar da confederação.
Para
ele, não havia cotas para a liberdade ou privilegiados no seio da opressão!
Exigia e lutava altaneiro pelo direito para todos!
Não temos certeza sobre o nome
próprio do último nzumbi que chefiou a confederação após a defecção de Nganga
Nzumba. Documentos e a tradição oral registram-no como Nzumbi Sweca.
Armas
Nos derradeiros ataques aos Palmares,
as armas de fogo e a capacidade dos escravistas de deslocar e abastecer rapidamente
os soldados registravam o maior nível de desenvolvimento das forças produtivas
materiais do escravismo, apoiado na super-exploração dos trabalhadores
feitorizados. As tropas luso-brasileiras eram a ponta de lança nas matas
palmarinas da divisão mundial do trabalho de então.
Não havia possibilidade de
coexistência pacífica entre escravidão e liberdade. Palmares era república de
produtores livres,
"Não
havia possibilidade de coexistência pacífica entre escravidão e liberdade.
Palmares era república de produtores livres, nascida no seio de despótica
sociedade escravista"
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nascida no seio de despótica
sociedade escravista, que surge hoje nas obras da historiografia apologética
como um quase paraíso perdido, onde a paz, a transigência e a negociação habitavam
as senzalas. Palmares era exemplo e atração permanentes aos oprimidos que
corroíam o câncer da escravidão.
Como lembraram, nos anos 1950, o
historiador trotskista francês Benjamin Pérret e piauiense comunista Clóvis
Moura, a confederação dos Palmares venceria apenas se espraiasse a rebelião aos
escravizados dos engenhos, roças e aglomeração do Nordeste, o que era então
materialmente impossível.
Liberdade,
Liberdade
Palmares não foi luta utópica e
inconsequente. Por longas décadas, pela força das armas e a velocidade dos pés,
assegurou para milhares de homens e mulheres a materialização do sonho de viver
de seu próprio trabalho em liberdade. Indígenas, homens livres pobres,
refugiados políticos eram aceitos nos Palmares. Eram braços para o trabalho e para
a resistência.
A proposta da retomada da escravidão
colonial em Palmares, com Zumbi com um "séquito de escravos para uso
próprio", é lixo historiográfico sem qualquer base documental, impugnado
pela própria necessidade de consenso dos palmarinos contra os escravizadores.
Trata-se de esforço ideológico de sicofantas historiográficos para naturalizar
a opressão do homem pelo homem, propondo-a como própria a todas e quaisquer
situações históricas.
Palmares garantiu que milhares de
homens e mulheres nascessem, vivessem e morressem livres. Ao contrário, em
poucos anos, os seguidores de Ganga Zumba foram reprimidos, re-escravizados ou
retornaram fugidos aos Palmares, encerrando-se rápida e tristemente a traição
que dividiu e fragilizou a resistência quilombola.
Resistência
A paliçada do quilombo do Macaco foi
a derradeira tentativa de resistência estática palmarina, quando a oposição
quilombola esmorecia. Ela foi devassada em fevereiro de 1694, por poderoso
exército, formado por brancos, mamelucos, nativos e negros, entre eles, o
célebre Terço dos Enriques, formado por soldados e oficiais africanos e
afro-descendentes. Não havia e não há consenso racial e étnico entre oprimidos
e opressores.
O último reduto palmarino, defendido
por fossos, trincheiras e paliçada, encontrava-se nos cimos de uma altaneira
serra.
A serra da Barriga e regiões
próximas, na Zona da Mata alagoana, com densa vegetação, são paragens de beleza
única. Quem se aproxima da serra, chegado do litoral, maravilha-se com o
espetáculo natural. O maciço montanhoso rompe abruptamente, diante dos olhos,
no horizonte, como fortaleza natural expugnável, dominando as terras baixas,
cobertas pelo mar verde dos canaviais flutuando ao lufar do vento.
Herança
Se apurarmos o ouvido, escutaremos os
atabaques chamando às armas, anunciando a chegada dos negreiros malditos.
Sentiremos a reverberação dos tam-tans lançados do fundo da história, lembrando
às multidões que labutam, hoje, longuíssimas horas ao dia, não raro até a morte
por exaustão, por alguns punhados de reais, nos verdes canaviais dessas terras
que já foram livres, que a luta continua, apesar da já longínqua morte do
general negro de homens livres.
♦ Mario Maestri, 64, é professor do programa de pós-graduação em
História da UPF
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